O Começo do Desastre
Os problemas da empresa começaram após o cancelamento de dois jogos do Mega Man (Mega Man Legends 3 e Mega Man Universe), pois segundo a empresa, a resposta dos consumidores às pesquisas feitas estava muito a baixo do esperado, isso aconteceu por conta do resultado ruim da franquia na geração anterior ao PS3 e Xbox 360, com o fandom divido entre jogos mais modernos e a jogabilidade clássica nenhuma das partes estava dando o apoio esperado.
Após o cancelamento de dois jogos de uma franquia importante, tivemos o lançamento de Street Fighter 4, e com isso não muito tempo depois veio o anuncio da primeira de varias versões que o game receberia, essa politica de lançamento era comum dentro dos jogos de luta da empresa nos anos 90 principalmente, porém os tempos já eram outros e lançar um game com preço cheio na era das DLCs não foi uma decisão muito esperta por parte da Capcom, infelizmente este não foi o único titulo que seguiu este modelo, Marvel VS Capcom 3 teve o mesmo problema, assim como Sengoku Basara 3 também teve uma versão "requentada" lançada pouco tempo depois da versão primaria, conteúdo esse que já poderia ser disponibilizado via internet com um preço mais acessível. Por sorte dos consumidores e bom senso da Capcom apenas a versão Super Street Fighter 4 foi vendida exclusivamente como um jogo novo, as atualizações Super Street Fighter 4: Arcade Edition e Ultra Street Fighter 4 ( 2012 e 2014 respectivamente) foram disponibilizadas como DLC para quem já possuía alguma versão anterior mas também tiveram sua versão em mídia física.
Algum tempo depois com o lançamento de Street Fighter x Tekken, que não vinha tendo uma receptividade boa antes de seu lançamento, principalmente dos fãs da franquia da Namco, tudo piorou, quando o jogo foi lançado pois hackers descobriram que todas as DLCs do titulo já estavam no disco, o que seria vendido era apenas uma chave de acesso e as pessoas pagariam por um conteúdo que, em teoria, elas já tem. Mas a gota d'água sobre os conteúdos de expansão veio com o jogo Asura's Wrath, pois o final real da história só estava disponível via DLC, para piorar tudo as duas polemicas aconteceram no ano de 2012.
Se não fosse o suficiente estragar a reputação de duas de suas grandes franquias, Resident Evil 6 também teve alguns problemas. Desde Resident Evil 4 os jogadores mais puristas reclamavam que o terror estava sendo deixado de lado e o jogo estava virando mais um game de tiro em terceira pessoa, mas como o quarto capitulo da franquia foi um game aclamado esta reclamação foi abafada, mas a sua continuação Residente Evil 5 não deu a mesma sorte e foi detonado por grande parte dos fãs antigos da série, com reclamações contra a ação desenfreada do jogo, falta de peso no enredo e a ausência do terror tão característico dos três primeiros títulos.
Com o fandom não muito contente Residente Evil 6 tentou unir gregos e troianos, e de fato conseguiu mas não do jeito esperado, eles se juntaram desta vez para reclamar do game novo, a Capcom tentou dividir a história do jogo em 3 campanhas diferentes, uma seguindo focada na ação desenfreada que o titulo anterior trouxe, uma focada no terror no estilo clássico e uma terceira que juntava os dois estilos no que a empresa julgava ser o equilíbrio perfeito, mas assim como um pato que anda, nada e voa porém não faz nenhum deles direito, Resident Evil 6 tentou abraçar todos os fãs da franquia independente do estilo que mais agradava, porém o que ela conseguiu foi irritar todos eles.
Os fãs ainda pediam a volta de alguns jogos de sucesso como Mega Man (principalmente após o cancelamento dos jogos citados acima, mas ainda com o fandom dividido) e Okami e o máximo que eles tiveram até então foram versões remasterizadas destes títulos e isso culminou na saída de Keiji Inafune da empresa, pois ele queria ter feito um novo jogo do Mega Man, sua saída foi com base na promessa de lançar um sucessor espiritual do garotinho azul (essa saída deu origem a Mighty No. 9). Definitivamente o mercado não estava bom para a Capcom no inicio da década passada depois de todos estes acontecimentos em mais ou menos 3 anos.
A Volta Por Cima
Depois de tantos desastres em sequência a luz no fim do túnel apareceu, ela veio com um ar nostálgico e seu nome é Residente Evil Revelations, protagonizado por Jill Valentine (Revelations foi o jogo mais aclamado da franquia desde RE 4) o game que originalmente foi lançado para Nintendo 3DS fez muito sucesso devido aos elementos pesados de survival horror que estavam retornando para a franquia, desta vez da forma esperada pelos fãs. Com a resposta positiva no portátil da Nintendo, um porte logo foi feito para PS3 e Xbox 360 (o game viria a receber futuramente versões para PS4 e Xbox One), além disso uma continuação foi preparada rapidamente e com qualidade próxima ao do jogo anterior mas trouxe outra protagonista Claire Redfield.
O próximo jogo que ajudou na volta por cima da Capcom foi Street Fighter V, apesar do seu lançamento devagar por conta da falta de conteúdo offline, a promessa de não lançar versões novas do game animou os fãs, todos os conteúdos poderiam ser adquiridos de forma gratuita ou através de compras, tudo em formato de DLCs. O maior ponto negativo para a empresa foi que este titulo deixou o publico casual para trás e se focou fortemente em ser um jogo competitivo e obteve grande sucesso nesse meio.
Mas a grande virada ainda estava por vir no ano de 2017, com uma reformulação completa no estilo de gameplay de uma franquia antiga, Resident Evil 7 apareceu como um jogo de terror em primeira pessoa, o fandom ficou desconfiado a principio com a mudança de câmera e ausência de personagens importantes nos trailers, mesmo com isso a resposta de publico e critica foi extremamente positiva, fazendo a franquia ficar nos holofotes de maiores games de sua época novamente.
Se reascender a paixão dos fãs por uma franquia é incrível, imagina levar uma de suas franquias mais de nicho para o mundo inteiro? Foi isso que a Capcom fez em 2018 com Monster Hunter World, um RPG extremamente denso que precisa de inúmeras horas de evolução mas com uma jogabilidade de dar inveja pra muitos Hack and Slash, o sucesso foi tão grande que este se tornou o jogo mais vendido da franquia e excedeu as expectativas de vendas da Capcom e rendeu um prêmio de melhor RPG do ano em 2018. Todo esse sucesso se repetiu com a expansão Iceborne lançada no ano seguinte.
Com uma franquia recuperada e uma explosão de um jogo de nicho, o que faltava para a grande japonesa voltar a brilhar de vez ? O retorno do seu mascote, e ainda em 2018 isso acontece. Mega Man 11 foi lançado com visual repaginado mas ainda com jogabilidade em 2D, com estilo cartunesco este foi um ótimo jogo pois agradou tanto os fãs antigos da franquia como também serviu de ótima porta de entrada para as crianças da atual geração ao universo do robozinho azul.
Se tudo isso não bastasse, a Capcom mostrou que estava de volta nos eixos e em 2019 lançou um dos melhores remakes já vistos na industria, se não o melhor, Resident Evil 2 Remake foi um sucesso absoluto de critica e agradou muito o publico, vendendo mais de 3 milhões de copias em uma semana (menos que Monster Hunter World, mas ainda sim muito para um Remake). Usando a mesma engine que Resident, ainda em 2019 tivemos o lançamento de Devil May Cry 5 sem mudança nenhuma no estilo de gameplay, apenas as evoluções naturais de geração, provando que por vezes o que os fãs querem é apenas um produto bem feito, sem muita reformulações, principalmente quando o assunto são franquias de sucesso.