3 de julho de 2020

The Last of Us

Para explorar coisas além da ação desenfreada de Nathan, a Naughty Dog resolveu dividir sua equipe em dois times, um para produzir Uncharted 3 e um para produzir um novo titulo e assim nasceu The Last of Us. Em 2013 a desenvolvedora, juntamente com a Sony, lançou exclusivamente para PS3 (com versão remasterizada para PS4 em 2014) seu novo jogo, que foi um sucesso arrebatador, mas qual o motivo de tanta fama e tantos prêmios? Quais são os acertos, os erros e o que eu achei do irmão mais novo da franquia Uncharted?

Gráficos 


Por sair no fim de uma geração a qualidade gráfica é indiscutível, o console da Sony foi torcido como um pano para extrair até as ultimas gotas de processamento e isso se reflete principalmente nos cenários vastos e complexos sem loading aparente, cada espaço explorável dentro do jogo tem suas especificidades e pequenos detalhes que os tornam únicos, cada casa que exploramos no jogo é diferente, cada quarto que entramos tem seus detalhes e decoração únicos, isso apenas se pensar em ambientes urbanos, porém  também somos bombardeados por muitos elementos naturais, afinal é um jogo que mostra o abandono de cidades inteiras devido a uma pandemia e tudo isso é coroado com uma iluminação impecável.
Mesmo com todos esses detalhes e processamento gastos nos cenários e ambientação os personagens ainda tem uma qualidade gigantesca, todos são expressivos, vemos a dor, a tristeza, o sofrimento, a preocupação e toda a angustia deles refletidos em seus rostos, uma expressividade vista poucas vezes até então.



 Se tivesse que destacar um ponto que de fato impressiona no game pensando no quesito gráfico, com certeza seriam as roupas e tecidos no geral, o nível de detalhes na mochila de Joel é impressionante, durante as cenas é possível notar a costura e detalhes de metal e isto também aparece nas roupas, como em um casaco de Ellie que tem uma sensação quase palpável de plastico, sua camisa padrão de algodão mais leve e até mesmo uma camisa xadrez mais grossa, tudo isso é perceptível apenas ao olhar e se não fosse suficiente tudo interage muito bem com água, o que é difícil de se ver até nos jogos mais recentes.



Áudio 

Os efeitos do jogo não se destacam e isso é muito bom, pois se os sons não chamam nossa atenção no primeiro momento significa que eles estão condizentes com o que esta acontecendo em tela e por isso tratamos aquilo de forma muito natural, o trabalho feito aqui foi excelente mas o verdadeiro destaque vai para a trilha sonora, por isso não vamos perder tempo falando sobre os efeitos sonoros.
A trilha consegue dar toda a sensação de urgência que é pedido, deixando qualquer um que jogue tenso e em sentido de alerta quando assim é necessário ou até ativando o nosso lado mais emotivo em cenas de maior impacto. Outro detalhe interessante é que praticamente em sua totalidade as musicas são tocadas em instrumentos de corda, fazendo assim uma auto referencia pois um dos protagonistas cita durante a história que adoraria ser cantor. Para mim, a faixa que mais representa a trilha sonora do título é The Path (A new beginning) que pode ser ouvida no link aos 41:22.



Jogabilidade

The Last of Us tem inúmeras qualidades, porém as mecânicas não estão entre elas. O jogo não apresenta muitas novidades. A unica inovação foi no sistema de inventario que esta exposto para nós o tempo todo, sempre vemos as armas disponíveis penduradas na mochila do protagonista o que da um ar mais realista e passa a sensação de escassez do game. Apesar de ser bem executado e não comprometer a experiencia do game, a sensação de repetição logo toma conta e particularmente falando foi cansativo continuar jogando mesmo estando envolvido no enredo. 
O único ponto de grande destaque na jogabilidade que é o combate corpo-a-corpo, mas este também não foi criado para este jogo e sim para a série Uncharted, esta mecânica foi muito bem refinada para este titulo e teve sua versão aprimorada usada em Uncharted 4: Thief's End. Apesar da falta de inovação geral, tudo é muito bem executado.



Enredo

Este é o ponto alto do titulo e foi justamente isso que levou The Last of Us ao sucesso, a história tem um formato quase como o de um "Road Movie", pois o protagonista precisa escoltar a garota do ponto X ao ponto Y, além disso, também mostra a evolução da relação entre os protagonistas Ellie, uma adolescente de 14 anos e Joel, um homem de 50 e poucos anos, amargurado e que já perdeu tudo que poderia em vida, que são obrigados a fazer uma viagem Estados Unidos a dentro no meio de uma pandemia causada por um fungo. A relação de Joel e Ellie cativa por ser algo sincero, sem obrigações e reciproco, mesmo com o jeito duro do homem e a forma debochada de se expressar da garota, o cuidado e carinho que cresce entre eles é perceptível até em pequenas coisas, seja na confiança que Joel da a garota para protege-lo com uma arma ou nos momentos de Ellie buscando um remédio para curar o homem. Todo o stress e caos de um mundo pós apocaliptístico somado a missão de escoltar uma criança (aos olhos de Joel) em meio a tudo isso é potencializado pelos dramas e relação dos protagonistas. Esse relacionamento sincero que vemos ser construído, toca e emociona a todos que passam por essa obra, é uma das histórias mais bem feitas que já experimentei no mundo dos vídeo games.



Fungo

O que desencadeia a pandemia dentro do game é um fungo que é classificado como um endoparasita (um parasita que entra dentro do organismo do hospedeiro e a partir disso o controla), para ser mais exato o fungo que vemos no game é o Ophiocordyceps Unilateralis, conhecido popularmente como fungo zumbi, pois as criaturas infectadas por ele se tornam verdadeiras marionetes com o passar do tempo e isso não é tudo, o comportamento social do animal é totalmente modificado, ele se torna muito mais agressivo e mudando seus padrões de movimento e comportamento, exatamente como no game, tal qual na vida real os infectados por um certo período de tempo começam a ter esporos crescendo pelo corpo, assim aumentando a disseminação do fungo. Para mais informações, existem mini documentários do Nat Geo e da BBC Studios disponíveis gratuitamente no YouTube.



Bugs

Mesmo sendo um ótimo jogo e que claramente foi feito com muito cuidado e esmero por parte de seus desenvolvedores, The Last of Us não escapou dos problemas e estes que vou citar foram os mais recorrente. Começando pelos problemas de renderização de alguns objetos que simplesmente somem dependendo do angulo que você tenta observa-los, além disso a textura das vestimentas de certos personagens demora muito para carregar, fazendo com que ela surja no meio de uma cena ou quando nos aproximamos o suficiente para ver o carregamento ser completado na nossa frente. 
Isso por si só não é lá tão ruim, mas as coisas não param aqui, a inteligencia artificial por exemplo oscila muito, tanto para Ellie quanto para os inimigos. Enquanto Ellie tem momentos brilhantes e se posiciona perfeitamente e consegue emboscar alguns inimigos e facilita muito em certo combates em locais apertados, ela mesma nos bloqueia a passagem deixando assim Joel exposto e pronto para ser atacado pelos adversários, são incontáveis as vezes que morri por conta disso. Já para os inimigos a coisa piora um pouco, a inteligencia e capacidade deles flutua sem padrão algum, em momentos os inimigos praticamente te veem passar dos seus lados e simplesmente  não fazem nada, ficando assim abertos a uma finalização rápida, em contra partida as vezes os inimigos desviam subitamente de toda e qualquer arma que usamos contra ele (em uma das ultimas seções de ação do jogo um inimigo desviou de uma flecha disparada de uma posição em que eu estava 100% escondido dele)
Como se tudo isso não fosse o suficiente, o pior bug que encontrei aconteceu poucas vezes mas me matou em praticamente todas elas. Aleatoriamente quando eu corria em direção a algum lugar em que era preciso utilizar um botão de ação ( X ou Triangulo no game em questão), as vezes acontecia de Joel ou Ellie simplesmente andarem pra traz em uma velocidade absurda, até se chocar com alguma parede, o que pode estragar completamente a diversão dos "speedrunners" ou até a de jogadores normais em um momento de pressa para escapar de uma situação difícil, este bug pode simplesmente matar um jogador que estiver em níveis mais altos de dificuldade



Considerações Finais

The Last of Us é facilmente um dos clássicos dessa geração, com um gráfico refinado, mecânicas simples mas muito bem otimizadas e aproveitadas, um enredo de tirar o folego e um desenvolvimento de personagem de cair o queixo. O jogo é extremamente emocionante e te cativa de pouco em pouco, paisagens exuberantes aparecem e enchem os olhos de qualquer um, o enredo cinematográfico e jogabilidade simples ajuda o game a alcançar um publico um pouco mais casual o que também contribuiu para seu sucesso. Mas acima de tudo o game cativa por mostrar uma relação em construção de cuidado e carinho, emocionando através da grande identificação que a relação dos protagonistas causa.


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