3 de abril de 2020

God Of War

Menos brutal mas com o melhor e mais tocante enredo dentre os  e um resultado melhor do que qualquer coisa que a franquia já havia obtido anteriormente. Depois de 5 anos longe do publico a Santa Monica trouxe um novo capitulo na história do fantasma de Esparta com uma reformulação grande no estilo do enredo e também de jogabilidade. God of War foi lançado em 20 de Abril de 2018 produzido pela Santa Monica e é um exclusivo do Playstation 4. O game acertou na medida certa a mistura de vários elementos novos e alguns antigos e o acerto foi tão grande a ponto de ganhar melhor jogo do ano, e sim ele mereceu.
Antes de falar do enredo, vamos tomar um tempo falando do nosso personagem principal antes de qualquer coisa. 

Kratos está mais humano do que nunca, é possível sentir o amadurecimento de um homem que já viveu muito e foi calejado pelas tragédias na sua vida, ele é um homem amargurado e é possível sentir o pesar nas suas falas. 
A relação de Kratos com seu filho Atreus é muito interessante, ele trata o garoto de forma ríspida por grande parte do tempo mas isso não passa a impressão que o personagem não gosta de seu filho, pelo contrario, em muitos momentos é perceptível a preocupação de Kratos com o menino e as broncas do pai estão ali para ensinar e orientar Atreus durante a jornada mas também o repreende quando necessário. Sabendo disso, podem estar pensando que aquele Kratos raivoso e cheio de ira não aparece no game, mas é justamente o contrario, essas emoções sempre estão presentes mas como um homem mais velho e experiente é possível ver como o personagem lida com esses sentimentos e usa isso para ensinar seu filho como lidar com eles.

As principais características do titulo se dividem em três pilares, sendo eles o enredo, jogabilidade e gráficos, todos feitos com uma enorme competência podendo facilmente ser considerado o melhor titulo do atual console da Sony, a seguir os três pilares serão comentados e pontuados seus grandes acertos e raras falhas. 

O primeiro ponto a ser comentado é o enredo. O game começa com o nosso protagonista fazendo trabalho de lenhador, para fazer o funeral de sua esposa e rapidamente somos apresentados para seu filho e logo entendemos tudo o que ocorreu mesmo que nada seja dito de forma explicita e é assim que tudo se inicia, após isso Kratos tem a visita de um homem desconhecido que diz saber quem ele é, com isso pai e filho partem para realizar o desejo da falecida esposa e mãe respectivamente enquanto o protagonista cuida para que o seu passado não destrua seu presente.



Sim o enredo é fantástico, é emocionante, envolvente e mexe com quem acompanhou a franquia até agora e isso não quer dizer que quem não jogou os games anteriores não vá entender ou aproveitar bem a experiencia, porém quando já se conhece o passado de Kratos, muitas cenas tem um peso muito maior por sabermos tudo o que já se passou. A história é bem construída, tem um bom ritmo e os os personagens novos encantam enquanto a mudança de Kratos é surpreendente e redescobrir um personagem que ja conhecemos de forma tão natural é um acerto grande dos desenvolvedores, a dinâmica entre os personagens é muito boa principalmente entre Kratos e Atreus em que a rigidez do pai contrasta com a infantilidade do filho que por muitas vezes encara momentos de forma mais descontraída e descompromissada o que irrita o pai tornando a interação deles orgânica, as cenas envolvendo os irmãos anões também são muito boas e ambas as situações conseguem até ter momentos engraçados, o que é uma surpresa dentro da franquia que nunca explorou momentos assim. Como um bônus dentro do game, ele não é linear, sua história tem sim um começo, meio e fim mas em meio aos pontos chave do enredo podemos explorar o mundo, obter melhorias para o personagem e conhecer mais do que aquele vasto universo, o que temos aqui é um bom equilíbrio entre um jogo de história linear e um mundo aberto a ser explorado

Se o titulo tem algum problema no seu enredo é o final um tanto em aberto e com uma grande informação sendo revelada nos instantes finais, o que pode ser um ótimo ponto positivo pois deixa  expectativa para um titulo futuro em alta, mas isso não vai acontecer nessa geração o que pode ser um pouco decepcionante para quem se animou tanto com o titulo.
Os gráficos impressionam muito, seja a iluminação, texturas ou qualquer outra coisa, tudo aqui é impecável e a grande variação de cenários é interessante e mostra a versatilidade dos diretores de arte do game, como exemplo disso temos momentos belíssimos em mais de uma localidade no game como lugares nevados em Midgard ou paisagens com água impecáveis indo até o mundo dos elfos que é visualmente bem diferente dos picos nevados vistos anteriormente. O visual dos humanoides é lindo, vemos as texturas da pele e barba de Kratos, vendo as falhas nas cinzas do corpo e também no couro e pelagem das suas armaduras, é tudo muito bonito e realista. A luminosidade também se comporta de um jeito muito real, principalmente a forma como a luz reage ao metal. 

Além disso a qualidade gráfica entre a cenas e as seções de jogo não existe alteração o que exige um cuidado muito grande na hora de executar, fora isso o jogo inteiro é um grande plano sequencia, absolutamente sem cortes (se você não morrer é claro) o que da um ar cinematográfico grande para o game, o que se mostra em momentos longos de viagens em barcos ou algum tempo a mais em caminhadas, isso pode parecer esticado alem da conta mas em muitos momentos me peguei contemplando uma paisagem enquanto fazia essas caminhadas e viagens de barco, é tudo muito lindo e com um visual muito inspirado. Se não bastasse tudo isso, o game conta com um "modo filme" em que podemos tirar toda a HUD (Heads-Up Display, basicamente qualquer informação gráfica na tela do jogo) do game e ficar apenas com o jogo em si, dando um ar mais cinematográfico ainda para o novo título.
 Se o game tem algum defeito quanto a gráficos provavelmente é por falta de potencia do PS4 Slim, que foi a versão usada para jogar o game, em alguns raríssimos momentos certas texturas demoram pra carregar e algumas pequenas quedas de FPS podem acontecer em momentos mais frenéticos, mas são coisas muita raras e talvez isso nem chegue a acontecer dependendo das escolhas de runas, se acalma que a gente já chega nesse assunto, pois algumas tem efeitos visuais bem espalhafatosos porém nada disso faz os gráficos do game perderem seu brilho. 
Por ultimo mas não menos importante, o sistema de combate e junto com ele as opções de customização. Se prestaram atenção, em nenhuma imagem deste texto as laminas do caos aparecem pois aqui neste titulo ele usa o machado Leviathan que foi forjado pelos irmãos anões Brok e Sindri, mais lento que suas antigas armas, o que a principio pode parecer que Kratos perdeu o jeito e esta mais lento pois está velho, mas como um senhor de físico impecavel o protagonista mostra que isso não é verdade, os golpes estão mais pesados mesmo estando um pouco mais lento que antes, ver o machado sendo arremessado em um inimigo enquanto Kratos esmurra outro adversário, o espartano está com ataques mais brutos e pesados do que nunca antes. Além desta diferença de peso nos seus ataques, podemos personalizar Kratos usando experiencia obtida em uma arvore de habilidades, assim modificando a forma como jogamos e aprimorando seus ataques. A arvore de habilidades que o jogo entrega não decepciona mas não é nada inspirada, a impressão que fica é a de algo experimental que vai se tornar um sistema muito robusto abusando de outros sistemas implementados neste titulo nos jogos futuros.
Os outros sistemas que disse a pouco são dois, o sistema de armaduras de Kratos e as runas que modificam as habilidades especiais de Kratos e também Atreus. Kratos tem basicamente três tipos de armadura, uma voltada mais para os ataques físicos, outra para os ataques rúnicos e um terceiro tipo voltado para a resistência, cada um desses tipos vão evoluindo e tendo status cada vez melhores, deixando Kratos cada vez mais poderoso a cada armadura nova que ele obtêm, e essas armaduras mudam também o visual de Kratos e diga-se de passagem as armaduras são belíssimas. Atreus não foi esquecido e também tem armaduras para serem escolhidas e aprimoradas, além disso o machado de Kratos segue o mesmo estilo de aprimoramento que as armaduras.
A experiencia que foi citada anteriormente tem outra utilidade também, podemos usar para aprimorar os ataques rúnicos, que se dividem em ataques fortes e fracos, ao usar experiencia para aprimora-los os danos crescem o numero de alvos aumenta e até o alcance  pode ser aumentado, a quantidade de runas que encontramos durante o game é bem vasta o que dá um dinamismo bem interessante podendo criar novos combos e aumentar a diversidade de Kratos, além das runas do gigante barbudo temos runas para o arco de seu filho Atreus, em que ele dispara animais de energia que atacam e ajudam a atordoar os inimigos.
Por ultimo mas não menos importante a trilha sonora, e como de costume dentro da franquia ela não decepciona, continua muito boa a inspirada como sempre mas teve mudanças condizentes com a ambientação do game, em muitos momentos a impressão que tive é que inúmeros escudos de pedra estavam batendo no chão para fazer a musica, a trilha te faz sentir de fato no mundo nórdico e te deixa muito imerso dentro daquele universo, porém não é a melhor da franquia que para mim é a do God of War 2. Os efeitos sonoros aqui são mais que perfeitos, entregam tudo o que precisa ser entregue, sendo assim eles acabam por não aparecer muito pois esta é a intenção, que tudo seja natural e que não chame sua atenção, bons efeitos sonoros estão ai para não serem "percebidos".
God of War foi um passo interessante tanto para o Santa Monica Studio quanto para a Sony, que se arriscaram a mudar a cara da franquia ja consolidada, mas felizmente deu certo, a redescoberta do espartano quanto personagem tem um tom quase melancólico e podemos sentir o peso das marcas do passado em sua vida, a química entre Kratos e Atreus funciona muito bem e cativa o publico, os gráficos estão mais bonitos do que nunca e a decisão de fazer o game inteiro sem cortes mostra a confiança do estúdio neles, a jogabilidade mais pesada e bruta que temos no titulo é sim muito boa mas pode não agradar quem esperava um Hack n' Slash como os títulos passados eram porém a sensação ao jogar God of War não passa nem perto de ser como um estranho no ninho, tudo o que fez a franquia ser um sucesso está ai, este pode ser facilmente considerado o melhor titulo da série para muitos que o jogaram, para mim inclusive.

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