20 de novembro de 2020

Need For Speed Payback

 Uma das franquia de corrida mais antigas e famosas dos vídeo games, Need For Speed não vivia bons tempos no inicio da década 2010, até que em 2015 a série tomou um reboot e conseguiu mudar um pouco a visão do publico e da critica sobre a franquia, não muito tempo depois em 2017 mais um game apareceu, com algumas melhoras e outras escorregadas, mas no fim das contas, Payback foi um bom game pra franquia ?

Enredo

 Qualquer semelhança com Velozes e Furiosos não é mera coincidência, as histórias de de Need For Speed estavam caindo de qualidade ao longo dos anos e Payback foi uma tentativa de criar algo que se leve um pouco mais a sério ao mesmo tempo que cria cenas e momentos cinematográficos, infelizmente as coisas não deram tão certo assim. 

 O game tem 3 protagonistas, Tyler, Mac e Jess, a princípio a ideia de dividir os personagens para cobrir uma gama de habilidades maior e personalidades diferentes é boa, mas os garotos do trio agem feito duas crianças e poderiam ser creditados como menino 1 e menino 2 se levarmos seu carisma e sua personalidade em consideração, enquanto isso Jess consegue roubar a cena, mesmo que fique a sensação que ela é deixada de lado em alguns momentos, a garota é a personagem mais real e que acaba chamando mais atenção justamente por conta disso. Outro personagem que rouba a cena é Marcus Weir, com um humor um tanto acido e com ótimos diálogos, este é um dos poucos personagens que desperta algo no jogador, seja carinho pelo personagem, seja uma raiva leve pelo seu ar debochado.

 Personagens ruins podem ser suficientes para fazer um game ser extremamente ruim, mas isso não foi tudo de negativo que o enredo trouxe, a história em si é fraca, simplesmente por falta de profundidade, tudo se resume em: Correr para derrubar uma equipe, conseguir aliados e correr para derrubar uma equipe maior ainda. Tudo isso não gera profundidade e um game que ao mesmo tempo tem ar de uma história de cinema, tem um desenvolvimento extremamente mal feito e não consegue cativar e nem ir mais a fundo. Talvez um game mais focado na relação de Jess com Weir em busca de derrubar uma organização maior, a relação entre dois personagens bem construídos pode carregar um game nas costas.


Jogabilidade 

 O game tem 5 estilos de corrida: Corrida, Off-Road, Drift, Drag e Fuga. Dentre eles um merece destaque negativo, o Off-Road é péssimo, o controle dos carros é extremamente instável e não de um jeito positivo, não parece que estamos dirigindo um carro na terra e sim que estamos tentando correr no sabão, e para um jogador casual é praticamente impossível acertar os Drifts durante os momentos na terra, um exemplo muito melhor de corridas assim é The Crew 2, que tem um controle mais estavel e mais padronizado, enquanto em Payback é difícil saber a reação do carro em certos momentos, em The Crew 2 mesmo com reações estranhas as vezes você sempre sabe como o carro vai se comportar.

 Mas nem tudo são flores mortas, os outros 4 modos entregam tudo o que prometem e com momentos bem divertidos, cada modo tem pequenas variações dentro dele e isso ajuda o game a se tornar menos cansativo, os controles na estrada e a forma de fazer Drift no asfalto é de se admirar e é bem gostoso de jogar, chega a ser impressionante essa qualidade na gameplay em comparação ao enredo. Uma das maiores criticas que o game recebeu foi na evolução dos carros, mas com a experiência de jogar o game 2 anos depois do lançamento é possível dizer que não é tão ruim assim, as peças que conseguimos depois das corridas nunca são piores que as nossas, nem das lojas e muito menos as que conseguimos por trocas, então a evolução é gradual como em qualquer outro game de corrida, juntar dinheiro e conseguir melhorar o carro. 

 No fim das contas a jogabilidade é um pouco melhor que as cosias  apresentadas pela franquia nos últimos anos, então a sensação com o controle na mão é muito melhor que vinha sido apresentado.

Trilha Sonora 

Primeiramente, por que o nome dessa seção é trilha sonora e não áudio? Os efeitos sonoros do game são discretos e não  fazem nada que impressione, tudo o que é possível ver aqui já foi apresentado em vários outros games do gênero, então o espaço dedicado ao áudio vai ser totalmente sobre a trilha sonora, que merece sim destaque. 

As musicas são incríveis e flutuam entre o Rap e o Rock, em suas diferentes formas, artistas grandes aparecem como Post Malone, Jaden Smith, Royal Blood, Gorillaz e até uma atração brasileira, Haikaiss com Rap Lord. A trilha sonora poderia facilmente virar uma playlist no Spotify e iria alcançar um grande publico. A maior falha aqui é a falta de controle das musicas, não é possível montar a sua estação de radio dentro do game para ouvir apenas suas musicas favoritas dentre as disponíveis no game. 

A única ressalva a ser feita quanto ao áudio é a falta de uma dublagem em português, desde o fim da geração passada é praticamente inadmissível não ter dublagem nos games, já que o Brasil é um dos maiores mercados do mundo para a indústria. 

Gráficos 

 O foco do jogo era a narrativa, que foi muito mal diga-se de passagem, mas com isso em mente é fácil entender os acertos e os deslizes no quesito gráfico, o que não quer dizer que os erros devem ser desconsiderados e nem que os acertos devem ser menos exaltados. O jogo se passa em Vale Fortune, cidade fictícia fortemente inspirada em Las Vegas, e o maior acerto do jogo está fortemente relacionado a isso, a ambientação é boa, a cidade parece viva e funcional, ela realmente tem ar de uma cidade real, em comparação com o anteriormente citado The Crew 2, que tem cidades muito bonitas sim, mas com um ar de artificialidade que pode incomodar um pouco. 

 Nos outros aspectos o game falha miseravelmente, os amassados são artificiais e a física nos gráficos é um pouco confusa, com colisões simples estourando os vidros enquanto outras mais severas não causam nenhum arranhão, se esquecermos a física e pensarmos um pouco mais nos detalhes, outros problemas começam a surgir como a baixa resolução nos adesivos disponíveis e alguns elementos visuais que demoram à carregar em tela, chegando ao ponto de carros da policia aparecerem subitamente no cenário pois o game não consegue carregar tantos elementos gráficos ao mesmo tempo.

 Por ultimo e não menos importante, mais um ponto negativo surge, com um ar tão cinematográfico era esperado que as animações com os personagens tivesse uma animação especial, e é sim especial, tão especial quanto bater o dedinho do pé na porta, a sincronização de voz e animação tem alguns problemas e as expressões dos personagens geralmente são bem irrealistas, a animação não faz jus ao trabalho de voz feito pelos atores, até mesmo nos personagens ruins.

Considerações Finais

Payback não foi o segundo capitulo esperado pela franquia, e nem o que eles precisavam, mas mostra que boas ideias estão surgindo e o caminho que foi traçado pelos desenvolvedores é promissor, um game de corrida com uma história bem feita e boas animações pode sim tomar uma boa parte do mercado já que os games estão divididos entre grandes simuladores e games 100% focados em arcade, talvez uma história cativante, com bons personagens e com mecânicas simples mas eficientes pode ser a formula de sucesso para o retorno aos holofotes de uma das maiores franquias dos jogos de corrida.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário