12 de junho de 2020

Vamos falar de - RPG de mesa

Como preparativo pro próximo episódio do podcast temos algo diferente do padrão, mas espero que gostem!

Os RPGs sempre foram muito famosos nos jogos eletrônicos, com franquias renomadas como Final Fantasy e The Witcher. O sucesso do gênero é tão grande que até mesmo jogos de outros estilos começaram a absorver certos elementos para si, mas isso tudo não surgiu nos jogos eletrônicos, o gênero surgiu na década de 70 e a partir disso conquistou muitos fãs mundo a fora, incluindo desenvolvedores de vídeo games.



O Inicio de Tudo

O RPG foi uma evolução dos jogos de guerra medieval que existiam na década de 70, o embrião do gênero foi uma revista publicada pela Ultima Ratio Games com o titulo de The Fantasy Games, em 1971, nela continham regras para que fosse possível jogar campanhas e histórias mais complexas usando miniaturas e interpretação, ainda aproveitando os jogos de guerra que existiam. Não muito tempo depois o primeiro RPG surge, em 1974 Gary Gygax e Dave Arneson lançaram Dungeons & Dragons como um complemento de Chainmail, um dos games de guerra feitos por Gygax. O sucesso veio rápido e com isso uma nova versão estava sendo preparada para seguir com o sucesso, versão essa intitulada Advanced Dungeons & Dragon, lançada entre 1977 e 1979  esta versão atualizada e desta vez separada do jogo original fez com que o gênero explodisse de vez.

A Ascensão de um  Gênero

O lançamento de segunda edição de D&D, abreviação pela qual o jogo ficou conhecido, fez com que o RPGs estivessem em alta e com isso vários estilos e sistemas novos foram aparecendo e fomentando cada vez mais o mercado de jogos de interpretação. O publico se expandiu muito, porém em 1982 o filme Labirinto e Monstros fez duras criticas ao novo hobby que encantavam jovens nos EUA. Mesmo com um começo difícil, a década de 80 não foi ruim como um todo para o gênero, em 1983 a imagem dos RPGs começaria a melhorar, pois ali surgia a séria animada que ficou conhecida no Brasil como Caverna do Dragão, que basicamente era uma versão roteirizada de uma sessão de RPG, com os personagens resolvendo problemas sendo guiados por um mestre que muito pouco interfere, cada integrante do grupo tem suas especialidades e cumprem um papel ali, tudo exatamente como num jogo de verdade, e isso só fez com que o estilo de jogos se popularizasse ainda mais ao redor do mundo. Além disso muitos jogos famosos e que tem continuidade até hoje foram lançados nesse período, como Call Of Cthullu (1981), Cyberpunk 2020 (1988) e Shadowrun (1989) fazendo com que pessoas que não gostassem tanto assim de fantasia medieval pudessem experimentar contos de terror ou um futuro distópico e ainda assim se divertir interpretando papeis com seus amigos.


Anos 90 e o Desembarque em Terras Tupiniquins 

Os anos 90 começam com o pé direito para o RPG com o lançamento de Vampiro: A Mascara em 1991, destinado aos jogadores que cresceram jogando D&D e agora queriam aventuras mais sérias, sombrias e com temas e discussões mais adultas e nada melhor que trazer uma boa trama politica entre clãs de vampiros em busca de poder, Vampiro também cativou pessoas que queriam jogar algo focado muito mais na narrativa do que nas mecânicas, Call of Cthullu fez mas elevando isso à outro nível. Após a chegada do Vampiro ao mundo, no ano seguinte, 1992, finalmente o Brasil recebe o clássico Dungeons & Dragons oficialmente, que foi lançado pela Grow no box HeroQuest e posteriormente o lançamento de AD&D em 1995 pela Abril, mas apesar do lançamento oficial do aclamado sistema por aqui, os anos 90 foram de Vampiro e isso é indiscutível, com lançamentos como Lobisomem: O Apocalipse e Mago: A Ascensão que seguiam o mesmo estilo de história mas com ambientações diferentes, foram lançados em 1992 e 1993 respectivamente, seguido disso Vampiro chega ao Brasil em 1994.  
Essa foi a década desse gênero por aqui, a prova disso é que já em 91 tivemos o primeiro sistema nacional de RPG, Tagmar que foi publicado pela GSA, mais tarde ainda nos anos 90 tivemos também o primeiro sistema com temática nacional, Desafio dos Bandeirantes, que apesar do fracasso comercial é uma experiencia valida para os amentes deste hobby. Outro ponto importante no Brasil é o surgimento da revista Dragão Brasil que em torno dela surgiram nomes icônicos para o RPG nacional, sendo eles Defensores de Tóquio ( 3D&T) e também Tormenta.

Os Anos 2000 e a Queda do Mercado 

 No fim dos anos 90 a Wizards of the Coast tornou D&D um produto de licença aberta, assim qualquer um poderia produzir e publicar conteúdos adicionais e compatíveis com os livros base, estes que só poderiam ser feitos pela própria Wizards, com isso as vendas voltaram a subir e com isso dando um novo folego pro mercado. A atitude radicar foi seguida por alguns por aqui, assim em 2004 os criadores de Tagmar o tornaram gratuito e livre para que qualquer um pudesse dar seguimento ao produto, que está vivo até hoje 100% gratuito, clique aqui e vai la dar uma olhada no projeto.
Vampiro, a outra grande potencia do mercado tentou se reinventar trazendo suas aventuras para o século XXI com Vampiro: O Réquiem, mas falhou em competir com o mercado dos jogos eletrônicos que tinha tomado grande parte dos jogadores de RPG, apesar de ainda manter alguns consumidores fiéis.


Década Passada


Depois das dificuldades passadas nos anos 2000 a nostalgia tratou de fazer o seu serviço e tocar os corações dos "noventistas" que cresceram jogando Vampiro e seus derivados, trazendo assim as versões comemorativas de Vampiro: A Mascara, Lobisomem: O Apocalipse e Mago: A Ascensão, intituladas V20, W20 e M20 respectivamente. 
Já os magos com bolas de fogo e guerreiros medievais de D&D voltam com força total em 2014 pelas mãos da Wizards, agora comandada pela Hasbro, com a quinta edição (que tem versão em português pela Galapagos) do primeiro RPG criado e reconquistando muitas pessoas frustadas com a quarta edição que não foi bem aceita no mercado.
Vendo o buraco deixado pela quarta edição de D&D que foi um fracasso e abusando das licenças abertas, Pathfinder da editora Paizon veio para revisar e aperfeiçoar a terceira edição de D&D e tentar cativar os descontentes com a quarta edição, apesar de sair apenas em 2015 no Brasil pela Devir, superou todas as expectativas e deu um ótimo retorno.

Uma Nova Década

Depois de altos e baixos, com todo o sucesso dos RPGs eletrônicos nesta ultima década como Monster Hunter World e The Witcher 3, os tempos para o RPG de mesa são promissores pois os vídeo games não conseguiram até hoje emular a liberdade que temos em ao interpretar papeis, esse fervor dos jogos eletrônicos pode ser muito benéfico para o ressurgimento deste hobby, ficaremos aqui observando o que o futuro guarda para o RPG.

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